segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Aluízio

Aluízio era o nome do filho único de um casal vizinho nosso, à época em que moramos em Hortolândia (SP). Como nossa casa não tinha muro, todas as vezes que aquela criancinha  me via no quintal, vinha para conversar, brincar e até “trabalhar” comigo (eu sempre inventava uma atividade para ele fazer, para que além de se sentir útil, ele voltasse para casa bastante cansado, a ponto de tomar banho, deitar e dormir)...

Certo dia, eu estava agachado, tirando uns matinhos do nosso jardim, quando ele, chegando por trás de mim, me abraçou e disse: “Tio Lafayette eu gosto tanto, tanto, mas tanto de você que quando você morrer eu vou ir no seu “enterramento”.” 

Eu me virei e sorrindo, disse a ele: “Promessa é divida, quero só ver se você vai cumprir!!” 

E ele perguntou: “Como você vai ver, se estará morto?

“Eu dou o meu jeito!”, disse eu... E rimos muito, naquele momento! 

Nós, eu e ele, conversávamos bastante. As pessoas falavam que eu aproveitava para conversar com o Aluízio e matar a saudade dos meus netos. 

Porém, com o passar dos tempos, eu mudei de cidade e ele também. Seus pais foram morar na Chapada Diamantina e o tempo passou…

Passou sim o tempo, e veio a triste notícia: soube que o meu amigo falecera, aos 18 anos de uma doença incurável. No tempo deste nosso diálogo ele tinha apenas 5 ou 6 anos… E meu amigo Aluízio, então, jamais conseguiria cumprir sua promessa. 

Só Deus sabe o dia da nossa morte. Só Deus sabe o dia da volta de Jesus! Façamos planos, mas estejamos sempre prontos!


Pedro de Toledo, (SP), 30/11/18


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